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Tuesday, November 28, 2006

A Montanha…

O Maomé era um fulano teimoso, determinado e persistente, talvez por isso nos tenha deixado uma teoria exemplar de convicção férrea do procedimento a ter quando se quer ou se deseja muito algo. Teoria incómoda mas ao mesmo tempo razoável e eu, apesar de católico mas não praticante e também não maomista, usei-a vezes sem conta, “se a montanha não vai a Maomé, então o Maomé vai a montanha”.

Foi essa a demonstração prática, simples e tão fácil de ser usada no nosso dia a dia que utilizei para chegar e estar onde queria embora a minha presença, em muitas alturas, não tivesse sido entendida como sinal de perseverança ou de bem querer mas sim de desrespeito, egoísmo e invasão de espaço alheio.

Ainda hoje ao escrever estas linhas não consigo deixar de esboçar um sorriso, sorriso esse com o gosto amargo do desencanto próprio de quem se recorda de cenas tristes de um espectáculo de péssima qualidade do qual fiz parte como protagonista. Fui um actor medíocre para um público sublime, exigente e com a clarividência constante de que as palmas nem sempre são de reconhecimento por quem está no palco, os aplausos podem ser apenas um misto de cortesia e de obrigação.

Não tive a sensibilidade suficiente para perceber que estava a dar tudo o que de melhor tinha para uma audiência que se tinha enganado no teatro, estava tão focado em agradar e em ver a felicidade estampada no rosto de quem estava na plateia que não me apercebi que muitos dos risos não eram pelo o meu desempenho mas de mim.

É claro que quando não dava jeito ou que sentia que o local não iria ser o ideal, lá corria eu de tenda as costas e ia montar o mesmo espectáculo em outro lugar para me assegurar de que o meu público me seria dedicado e que estaria presente. Fui Maomé e o meu Publico a montanha.

Não perdi a determinação apenas sinto que existem encostas que não se devem escalar, que existem cumes que cuja beleza se realçam muito mais quando apreciados ao longe.
Não quis ouvir e seguir o que alguém com mais sabedoria do que eu sugeriu - não sofras, não te esforces, não te iludas, não te aproximes dela, a montanha vista daqui é linda de morrer, é indescritivelmente bela e maravilhosa mas não lhe quebres o mistério, não a queiras conhecer de perto, idolatra-a mas não queiras descobri-la porque só assim o seu encanto perdurará para sempre na tua imaginação -

Deixemos que a essência da natureza nos encante tal como ela é, com os seus altos e baixos, com planícies e com todo resto que ela possui ou como cada um de nós a consegue ver, sentir e viver, o importante é também não perdermos a nossa própria natureza que são a capacidade de amar, de sorrir e de sonhar.

Para sermos livres teremos que nos aceitar tal como somos e entender porque nos transformamos ou porque queremos ser Maomés para Uns e Montanhas para Outros.Os nossos sentimentos por certo determinarão a maioria das nossas escolhas e opções, a sociedade apenas ditará a maneira como as expressaremos, ou de forma explícita perante todos ou de forma implícita exclusivamente para quem as souber interpretar...estava implicito.
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Thursday, November 23, 2006

DUVIDAS….

Tenho me questionado mas não encontro nenhuma resposta satisfatória, por isso a minha duvida subsiste. O que fará ou que levará alguém a acreditar em nós?
O que fará as pessoas ultrapassarem a barreira da confiança e acreditarem tanto ao ponto de terem fé em nós?

Gostaria imenso saber ou ter respostas que explicassem esse nível de crença que poderemos ter em alguém que não é nada mais, ou nada menos, do que um ser humano em tudo igual a nós porque erra como nós, que tem defeitos, que por vezes trata com desprezo nossos sentimentos, que nem sempre nos respeita ao interpretar de forma contraria as nossas atitudes ou que nos faz sentir verdadeiros idiotas, tristes, mendigos e desamparados. Por que será que não conseguimos perder a fé em alguém que nos trata visivelmente com perfeita e calculada indiferença? Por que será que continuamos a acreditar em alguém que em plena consciência insiste em ter atitudes que nos magoam?

Por burrice, estupidez ou por outra coisa qualquer, porque será que ainda mantenho a
a mesma fé?

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Monday, November 20, 2006

PROPORCIONAL...

quanto maior forem a admiração e a veneração maior serão a desilusão e a decepção.

Por muito que tenham sido as desilusões, por outras tantas que tenham sido as decepcções, quem amou verdadeiramente jamais guardará rancor, ressentimentos ou mágoas, em vez disso, no seu coração apenas encontraremos, tristeza, compaixão e perdão.

Disponiveis para nos julgar, condenar e desprezar teremos os inimigos e prontos para nos compreender, apoiar e perdoar estarão sempre os nossos amigos.

Quem fui eu? Quem és Tu?
Afinal o que fomos nós?

São só perguntas de retórica para as quais não procuro, não quero e nem me interessam respostas, fi-las apenas para divirtir-me e rir... faz bem rir, não cansa a minha beleza

Thursday, November 16, 2006

EU E MAIS NINGUÉM....

Cada um tem aquilo que merece - é mesmo verdade tanto para aqueles que conseguem tudo o que desejam como também para outros que, apesar de não alcançarem o que ambicionam, são poupados, sem que se aperceberem ou sem que nada façam, dos males da vida. Tudo depende da perspectiva, contudo ainda existe um terceiro grupo das pessoas que não se sentem nem aqueles nem outros. Elas não se consideram pessoas de sorte nem dão graças por nada de mal lhes acontecer e reclamam da vida que têm e passam a vida a questionar a elas próprias e aos outros – não acham que eu mereço mais e melhor? –

Dá dó essa esperança de auto-valorização, essa falsa modéstia para esconder um orgulho fútil, é digno de pena vermos que alguém se sente frustrado por ser quem é mas que ainda assim tudo faz para atingir desprezando quem quer que seja desde que isso lhe dê uma certa sensação de grandeza e importância. Lembro-me por exemplo da história da galinha convencida que se achava qualquer ave mas menos galinha. Ela esqueceu-se de que a merda onde estava era a sua própria e quando as companheira do poleiro se habituaram a ela demonstrando-lhe afecto e a importância que ela tinha naquele galho, ela resolveu mudar de poiso porque achou que a porcaria em que estava não era também por sua culpa mas sim e sómente das outras galinhas, por isso transferiu-se para outro poleiro. Coitadinha da galinha, há-de passar a vida a mudar mas terá sempre cocó a seu redor e nas patas. Moral da história, podemos fugir dos outros mas não podemos escondermo-nos de nós mesmos. Até poderemos estar num sítio sem espelho mas o reflexo do que somos nunca deixará de estar visível para nós. Apesar de termos fugido o nosso espelho não ficou para trás, os sentimentos vieram connosco, não deixamos de pensar sobre as mesmas questões e com as mesmas ideias, não agimos de forma diferente, as nossas atitudes apenas adaptaram-se a outro local mas o propósito não mudou, as nossas incapacidades são as mesmas e os defeitos os de sempre. O futuro é invariável, afinal daqui por uns tempos sentiremos a mesma necessidade de mudar porque tal como a galinha que mudou de poleiro para se sentir limpa, o nojo que sentiremos da nossa própria merda, mais uma vez, obrigar-nos-a invariavelmente a mais uma mudança iniciando assim um novo ciclo em tudo igual aos anteriores, inconsequente e motivado apenas pela nossa vaidade, frustração, auto-piedade e vontade estúpida de parecermos quem não somos.

Deus me perdoe as palavras e espero não ser castigado pela minha atitude, ultimamente tenho-me rido imenso, quanta palhaçada tenho visto, pessoas que não fazem ideia do que é respeito ou que ambicionam a paz como se fosse algo que se pudesse comprar em qualquer loja do chinês.

Por favor se querem ser gente, assumam-se como humanos, se querem ser respeitados, assumam as vossas ideias e ideais, se querem ser honrados assumam a vossa igualdade aos demais, se querem amar e serem amados, assumam as vossas fraquezas para que entendam as dos outros (o amor sem perdão não existe), se querem ter paz, assumam-se, sejam autênticos convosco mesmos, por favor não se iludam com a fuga porque por muito que corram jamais se conseguirão esconder de vós próprios. Fingir quem não somos, cansa, desgasta e não nos conduzirá a lado algum a não ser a insegurança, a insatisfação e ao ciclo vicioso.

Nós por cá e outros por aí, respeito, paz e amor não se conquista nem se impõe, são uma dádiva que alguém nos concede por sermos quem somos. Talvez tenha chegado o momento de pararmos de sermos bons agora para sermos ainda melhor amanhã quando formos maus.

O que vale é que apenas fiz um auto-retrato por isso continuo a gozar, a divertir-me, a rir e a sorrir....ele há com cada uma, que só visto, se contasse isto a alguém ninguém acreditaria. As coisas que eu descubro em mim! – Posso muito bem ser ou ter sido um Galo...quem sabe?

Façam o favor de ter Paz e de serem Felizes

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