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Monday, June 28, 2004

O QUE NÓS PRECISAMOS

É lógico que assim seja - entender e ao mesmo tempo não aceitar.
Cada um de nós tem a sua forma de agir e a reagir aos factos, disso não tenho duvidas.
Quem me conhece há algum tempo e sabe o que fiz no passado, não estranhará, por exemplo, ver-me dançar com alegria e gosto uma noite destas na discoteca. Não será tanto assim o juízo feito por um desconhecido que me vê pela primeira vez. Apenas um único ponto, embora irrelevante o levará a condenar a minha displicência. O meu aspecto físico, os cabelos brancos e a barba ditarão a minha sentença – “o q faz um velho no meio desta juventude?” . Ele não sabe a minha idade, não sabe que o branqueamento do meus cabelos é precoce, ignora que fui Dj no passado durante vários anos e muito menos imagina porque motivo estou naquele momento a curtir a musica como toda a gente. A única coisa que ele entende é que na discoteca dança-se mas no entanto não aceita a minha atitude naquele espaço.
Por outro lado quem me acompanha reconhece que a minha maneira de estar é divertir-me, entretanto se procedesse de acordo com o pensamento do “estranho” os meus amigos perguntar-me-iam se estava bem ou o que de anormal se passava comigo. Para eles, que bem me conhecem, não teria lógica eu não dançar. Em qualquer dos casos só uma explicação minha poderia levar que me aceitassem, tanto o “desconhecido” como os “conhecidos”. Uma atitude que parece negativa depois de explicada pode ser bem aceite e mais ainda, um pormenor que não ligamos ou que menosprezamos, por ser natural e normal, poderá servir de motivo para que nos acusem ou condenem sem razão.
Os nossos actos não falam por si só, dependem do contexto.
Um homem, cabisbaixo, entra no metropolitano acompanhado por duas crianças pequenas e traquinas. Ele senta-se absorto a tudo e todos mas durante a viagem os miúdos, irrequietos, incomodavam teimosamente os outros passageiros sem que ele nada fizesse ou chamasse atenção. Todos o olhavam de lado com ar de reprovação, até que alguém menos contido fez a pergunta inevitável – são seus filhos? – ao que ele responde - Sim, são meus filhos. Vim agora do hospital mas não sei como lhes dizer que a mãe deles acabou de falecer.
As pessoas naquela carruagem ajuizaram pelo que é óbvio e pelo que desconheciam mas depois de ouvirem o pobre homem arrependeram-se da sua falta de sentimentos e coerência por não terem tentado perceber antes e só depois reprovar.

Se alguém nos diz “compreendo mas não aceito” é porque apenas vê as razões, assim sendo, forçosamente teremos que explicar o contexto para que o sentimento de recusa se acabe e a frase se transforme em “compreendo e aceito”


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